Officina Romanorum MMXVIII: uma semana de Cultura Clássica para os mais pequenos, na FLUL

É quinta-feira à tarde e, no jardim D. Pedro V da Faculdade de Letras, estamos na hora do lanche no quinto dia da 10.ª edição da Officina Romanorum MMXVIII, este ano decorrida entre 2 e 6 de julho. À sombra das árvores algumas crianças brincam, outras estão a terminar de comer, sob o olhar da coordenadora desta edição e dos monitores que acompanham o recreio e as brincadeiras. Os penúltimos ensaios da peça de teatro a ser apresentada no derradeiro dia da Officina terão de começar dali a poucos minutos, no Anfiteatro I, mas conseguimos roubar ainda algum tempo para conversar com Nereida Villagra Hidalgo, investigadora do Centro de Estudos Clássicos da ULisboa a quem coube a coordenação da atividade este ano.


“Na visita ao Museu Nacional de Arqueologia, uma aluna tirou o caderno da mochila e começou a tirar apontamentos- com 11 anos!” diz, entusiasmada, Nereida Villagra, “Fica um interesse e uma sensibilidade pela Antiguidade nos alunos”, frisa, ainda, a investigadora sobre o impacto que a Officina tem sobre as crianças. Um programa de verão pelo qual já passaram cerca de 350 participantes, desde a sua primeira edição, realizada em 2009, a Officina Romanorum pretende despertar o interesse pela cultura clássica junto do público infantojuvenil, entre os 7 e os 14 anos, bem como ampliar a transferência de conhecimento e a divulgação dos Estudos Clássicos junto da sociedade, entre outros objetivos.

Com dez edições realizadas, a atividade conquistou, já, o seu lugar na oferta formativa de verão na Faculdade de Letras e na ULisboa. “Os pais divulgam junto de outros pais e temos alunos que vêm de todo o lado: irmãos de quem já participou e filhos de membros da comunidade académica, por exemplo” diz Nereida Villagra. E não têm sido apenas as crianças e os jovens a deixar-se contagiar pela Officina Romanorum, também os pais, alguns dos quais cujos filhos repetem a participação na iniciativa, reconhecem a importância dos Estudos Clássicos, como confirma a coordenadora: “Os pais gostam muito do programa porque não é só 'brincar', os filhos aprendem coisas novas e ficam com uma consciência do nosso passado”.

 


Organizada pelo Centro de Estudos Clássicos e Departamento de Estudos Clássicos da FLUL, a oficina tem sido uma aposta ganha, esgotando as cerca de 30 vagas disponíveis a cada edição, junto de um público cuja curiosidade parece ser inesgotável. “Eles têm sempre perguntas” afirma Nereida Villagra, “até os mais pequeninos saem daqui a saber algumas palavrinhas de Latim ou de Grego”. Divididos em dois escalões etários, dos 6 aos 10 anos e dos 11 aos 14 anos, durante cinco dias os pequenos alunos da Officina são orientados através de um programa de atividades diversificado que ultrapassa o espaço da Faculdade e a sala de aula convencional, com visitas a museus e a sítios arqueológicos, aulas de línguas clássicas, ateliês de cerâmica, de pintura e de modelação ou de escrita sobre tabuinhas de cera, com o propósito de proporcionar uma experiência de aprendizagem mais completa.


O programa de 2018, organizado sob o tema “Aventuras de Ulisses”, levou os pequenos alunos até ao Núcleo Museológico da Rua dos Correeiros e ao Museu Nacional de Arqueologia (MNARq), em Lisboa e, também, ao Museu de Odrinhas, em Sintra, onde puderam fazer atividades dinâmicas em torno da Antiguidade Clássica. Na FLUL, a Officina Romanorum estabelece, também, ligação com outras áreas de estudo, explica Nereida, “Houve uma aula no Centro de Arqueologia e os alunos tiveram contacto com réplicas de peças e fizeram peças em cerâmica. Tivemos também uma aula de Mitologia Clássica que eles adoraram.” Regressar “às raízes da cultura contemporânea para a compreensão plena do presente e projeção do futuro” com a adoção de uma “metodologia dinâmica, não-escolar e de abertura à comunidade e ao património cultural” é um dos eixos orientadores do projeto, como refere a organização no seu website.


A semana da cultura clássica haveria de terminar na sexta-feira, dia 6, com a sessão de entrega dos diplomas aos participantes, antecedida pela ansiada subida à cena da peça de teatro protagonizada pelos pequenos alunos, e escrita por um dos voluntários a partir do tema “As Musas e os poetas”. Os voluntários, estudantes de vários dos cursos da FLUL, para além de Estudos Clássicos, são, aliás, fundamentais na organização da Officina, como destaca Nereida Villagra “os nossos voluntários suportam esta atividade e como já o fazem há alguns anos têm muita experiência. Têm uma motivação e uma entrega... Sem eles seria impossível”.


No átrio principal da FLUL que conduz ao Anfiteatro I, os risos e as brincadeiras vão aumentando de tom, enquanto conversamos com Nereida Villagra. Os pequenos alunos já terminaram o lanche e o recreio. Despedimo-nos, está na hora do ensaio do espetáculo.


Texto: Marisa Costa (com Tiago Artilheiro), FLUL-DRE, Núcleo de Imagem, Comunicação e Relações Externas


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