CLi: Como é feito o ensino a distância no Centro de Línguas da FLUL

Quase um ano depois do início do primeiro confinamento devido à pandemia de COVID-19, e na semana em que começa um novo semestre no CLi – Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fomos perceber a forma como a aprendizagem das línguas se adaptou ao ensino a distância.

Com mais de 400 estudantes inscritos para frequentar o segundo semestre no CLi, o interesse pelas línguas tem-se mantido, apesar das adaptações aos modelos de ensino. Desafios novos que a Directora do CLi, Guilhermina Jorge, reconhece, ao mesmo tempo que explica que “aprender a ocupar o tempo, a pensar no futuro e apostar em actividades online é também uma atitude associada à pandemia. [Devemos] olhar em frente, rejeitar a ideia de que o tempo está suspenso e investir em actividades de futuro”.

O primeiro semestre do presente ano lectivo no CLi foi já revelador de uma procura acentuada pelos cursos, com mais de 300 estudantes a frequentarem o Centro de Línguas. A palavra chave neste ano lectivo tem sido “estratégia”. Houve adaptações necessárias para que as aulas pudessem decorrer com normalidade, e as aprendizagens garantidas a cada momento. “Foi preciso criar condições para o uso de plataformas; promover reuniões de informação e formação; ser flexível, permitindo usos diferenciados em função dos conhecimentos dos formadores; investir no acesso a manuais electrónicos e solicitar junto dos editores uma maior rapidez na distribuição dos manuais por correio para os estudantes”, explica Guilhermina Jorge. Um processo conjunto que exigiu dos docentes e alunos uma adaptação constante.

Ferramentas como os formulários Google, a plataforma Kahoot e testes de escolha múltipla ajudam na avaliação. Já a oralidade tem sido, sobretudo, avaliada através do recurso ao Google Classroom, com apresentações orais e gravações em vídeo, seja através de interacções em grupo ou em subgrupos.

A Directora do CLi acentua, no entanto, que “os maiores desafios têm a ver com não confundir ensino a distância com ensino online. Temos consciência que adaptamos o modelo presencial a um modelo a distância, sem, no entanto, termos tempo ou o distanciamento suficiente que nos permitisse uma adaptação pensada em termos de objetivos específicos a um modelo online”.

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Também as opiniões dos alunos são importantes para que seja possível chegar a um modelo que efectivamente funcione. Para tal, o CLi tem aferido essa opinião através de inquéritos de satisfação no final de cada semestre. Os resultados do mais recente inquérito, realizado no primeiro semestre 2020/ 2021, apresenta conclusões relevantes. Os estudantes apontam, entre outros: a importância dos cursos a distância no CLi, mesmo em contexto não pandémicos; que as interacções têm acontecido de modo natural no modelo a distância; que a dinâmica e qualidade dos cursos continua a ser relevante; que a diversificação das actividades em aula, através, por exemplo, da criação de conteúdos audiovisuais pelos formadores, são muito importantes.

O futuro de ensino das línguas será, necessariamente, tecnológico. Isso mesmo defende Guilhermna Jorge, que não tem dúvidas que, também o CLi, “tem de se aproximar da sociedade civil e, para isso, terá de repensar os objectivos centrais do ensino das línguas e os formatos a aplicar”. A definição de cursos online direccionados a públicos específicos e com objectivos concretos será uma das realidades. No entanto, a Directora da CLi conta que “isto não quer dizer que o ensino online substitua o ensino presencial. Acredito na coexistência dos dois modelos e na própria flexibilidade dos dois modelos em função dos públicos e das aprendizagens”.

No Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa o top três de línguas com mais procura no primeiro semestre de 2020/ 2021 foi ocupado por Inglês (104 alunos), Alemão (84) e Francês (69). Já a língua que tem tido uma procura mais acentuada nos últimos três anos foi o Alemão, logo seguido do Francês.

Texto e Fotografia: Tiago Artilheiro (FLUL-DREI, Núcleo de Imagem, Comunicação e Relações Externas)