É com profunda tristeza que vimos comunicar a notícia do falecimento do Professor Doutor A. A. Marques de Almeida, professor jubilado do Departamento de História.
O funeral realizou-se hoje, sexta-feira, dia 16 de Junho, às 14 horas no Cemitério dos Olivais.
António Augusto Marques de Almeida desenvolveu uma actividade intensa e fecunda na FLUL e UL, como docente, investigador e administrador. É indelével a forma como transmitiu a sucessivas gerações de estudantes, de licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento, as exigências de matematização do real e o rigor da metodologia científica, seja em cadeiras de Teoria e Método, ou em disciplinas da sua especialidade, História Moderna (Economia e Sociedade) e História da Ciência.
Texto de Apresentação do Livro "Rumos e Escrita da História - Estudos em Homenagem a A. A. Marques de Almeida", Coordenação de Maria de Fátima Reis.
O Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa quis prestar homenagem ao Professor Doutor António Augusto Marques de Almeida, pela sua jubilação em Maio de 2005.
Entendeu a respectiva Comissão Executiva presidida pelo Professor Doutor Vítor Senão, confiar a coordenação da obra à subscritora deste intróito.
O convívio científico, sempre distinguido com uma atenção pessoal constante, afectiva e próxima, que determinou este desafio, permite-me revelar o perfil intelectual e humano de António Augusto Marques de Almeida. A atitude inovadora na interpretação dos factos históricos e a propêndica curiosidade por vários domínios do saber, da Economia, à História, à Literatura e à Música, como se pode apreciar na nótula biobibliográfica que se segue, resultam numa obra consagrada e reflectem-se na vertente pedagógica, com repercussões evidentes. Imaginativo e crítico, dimensão perceptível na leitura dos seus estudos, em que impera a clareza na exposição de assuntos bem diversos, Marques de Almeida repensa a história, reactualizando-se constantemente.
Em vinte e seis anos dê persistente labor, António Marques de Almeida desenvolveu uma actividade intensa e fecunda na sua Escola, como docente, investigador e administrador. É indelével a forma como transmitiu a sucessivas gerações de estudantes, de licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento, as exigências de matematização do real e o rigor da metodologia científica, seja em cadeiras de Teoria e Método, ou em disciplinas da sua especialidade, História Moderna (Economia e Sociedade) e História da Ciência, adiante especificadas.
No Instituto Fernão Lopes, que dirigiu entre 1993/1994 e 2004/2005, no Instituto Alexandre Herculano, onde exerceu as funções de sub-director entre 1991/1992 e 2004/2005 e, mais recentemente, na Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto Benveniste", de que é director desde 1996, prolongou Marques de Almeida a influência do seu saber, consagrando ultimamente especial dedicação à Cátedra, cuja projecção muito tem prestigiado a Faculdade de Letras de Lisboa. Instituição que serviu também ocupando diversos cargos administrativos, elencados em momento próprio, de que ora saliento o de Vice-Presidente do Conselho Científico entre 1991 e 1993 e o de Presidente do Departamento de História entre 1999 e 2001.
Nos últimos anos desempenhou cargos de destaque na Reitoria da Universidade de Lisboa, primeiro como pró-reitor (1998-2002) e depois como vice-reitor (2002-2006), para a área do planeamento estratégico.
A sua contínua e sempre incondicional entrega à função de Professor na Faculdade de Letras de Lisboa e ao serviço da Universidade — lembre-se que foi Administrador da Universidade da Madeira entre 1993 e 1996 e que colaborou com a Universidade do Algarve e a Universidade Católica Portuguesa — e mui particularmente da Universidade de Lisboa, e a sua produção historiográfica, serena e rigorosamente construída, num decisivo contributo para a renovação dos estudos históricos da época Moderna, justificam a pronta e significativa ade-são a este projecto, testemunhando o justo reconhecimento público pela sua per-sonalidade e obra, decerto acrescentada de futuros enriquecimentos.
Regista-se, pois, com naturalidade a numerosa participação de docentes da Faculdade de Letras de Lisboa e a grata colaboração de uma ilustre plêiade de historiadores, que se quiseram associar a esta iniciativa e assim conferir um sin-gular relevo a este livro. Que se tomou viável graças a diversos patrocínios: da Reitoria da Universidade de Lisboa, da Fundação da Universidade de Lisboa, do Conselho Directivo da Faculdade de Letras de Lisboa, do Centro de História da Universidade de Lisboa, do Instituto Alexandre Herculano, da Cátedra de Estu-dos Sefarditas, da Fundação Oriente, da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Caixa Geral de Depósitos. A todas estas instituições que acreditaram na valia desta publicação e às Edições Colibri, na pessoa do seu Director, Dr. Fernando Mão de Ferro, exaro aqui o meu público reconhecimento. Não esqueço o diálogo que estabeleci com algumas dessas pessoas, mormente, o Professor Doutor Álvaro Pina, o Professor Doutor António Ventura, o Prof. Doutor Pedro Barbo-sa, a Dr' Mónique Benveniste, o Dr. Álvaro Áspera, a Dr.' Rosa Saraiva, a Dr' Sofia de Oliveira e a Dr" Ana Raquel Silvam; de todas sempre recebi pala-vras de confiança e estímulo essenciais para a prossecução desta iniciativa.
Contei neste percurso editorial com dois interlocutores que souberam ouvir e apresentar sugestões em momentos determinantes. O Professor Doutor Vítor Serrão esteve presente em todos os momentos deste projecto, intervindo não só quando solicitado, mas com manifesta e inexcedível envolvência, crucial para o êxito desta proposta. O Prof. Doutor Francisco Contente Domingues partilhou comigo, desde o início, a vontade de concretizar este livro; e é justo que realce a sua cortesia na revisão final. Acresce ainda lembrar a pronta disponibilidade da D. Conceição Duarte, funcionária do Departamento de História da Faculdade de Letras de Lisboa, no apoio prestado à congregação dos textos.
Assim tenho, com a admiração e estima que o António Marques de Almeida me merece, o grato ensejo de apresentar esta obra e exprimir a gostosa amizade que nos liga há muitos anos.
Maria de Fátima Reis
Lisboa, Natal de 2006