A Faculdade de Letras da ULisboa homenageia a vida e obra do filósofo, pensador, poeta, romancista, crítico literário e ensaísta, Professor Doutor Francisco Vieira de Almeida, licenciado e doutor por esta Faculdade, preponderante filósofo, activo actor político na oposição ao Estado Novo e na luta pela Liberdade, pensador pioneiro, original e talentoso na fusão entre o pensamento filosófico, a criação artística, a psicologia e a história.
A cerimónia de homenagem decorrerá no Anfiteatro I da Faculdade de Letras, no próximo dia 19 de Setembro pelas 17h30 e contará com a ilustre presença de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.
Nota biográfica |Vieira de Almeida (1888-1962)
Licenciado pela Faculdade de Letras de Lisboa, iniciou a actividade docente no ensino secundário. Doutorando-se em Filosofia, concorreu ao grupo de História (1915) e, em 1921, à secção de Filosofia da Faculdade em que se graduara, aí ascendendo à cátedra em 1930, onde virá a exercer fecundo magistério, até 1958. – […] –. O magistério filosófico de V. A., onde avultavam, a par de um cepticismo ontológico radical, indiscutíveis dons de exposição penetrante, de finura crítica, de invulgarmente amplos horizontes de cultura, ficará valendo, porventura, não tanto pela fundamentação e concepção sistemática de Filosofia, que o próprio A. recusava, mas pelas análises percutientes dos temas fundamentais desta, por ele abordados, e pelo permanente estímulo de uma atitude indagadora, medular do exercício filosófico, que a sua obra fielmente repercute e suscita.» Francisco da Gama Caeiro, “ALMEIDA (Francisco Lopes Vieira de)”, in Logos. Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, Volume 1, Lisboa, Editorial Verbo, cols.177-179. Autor de: Obra Filosófica de Vieira de Almeida, Volumes I-II, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1986-1987. Homenagem a Vieira de Almeida: Nuno Nabais (Ed.), Vieira de Almeida (1888-1988). Colóquio do Centenário, Departamento de Filosofia, Faculdade de Letras de Lisboa – Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
Monárquico liberal, próximo de autores como Pequito Rebelo e Hipólito Raposo nos alvores da Primeira República, Vieira de Almeida está entre os fundadores da breve (apenas dois números) da Revista dos Homens Livres («livres das Finanças e livres dos Partidos»). Desenvolveu contactos com o grupo da Seara Nova, por intermédio de Câmara Reys, mesmo depois de António Sérgio se afastar da revista. Encontra-se ainda colaboração da sua autoria na Revista de História (1912-1928).
Opositor declarado do Estado Novo apoiou numerosas iniciativas de restauração da democracia, mantendo o seu posicionamento nas fases de maior repressão do regime. Seria também proponente da candidatura do general Humberto Delgado a Presidente da República.
A sua obra filosófica, em que avultam os trabalhos sobre Lógica, Estética, Epistemologia e História, encontra-se editada pela Fundação Calouste Gulbenkian, que a reuniu entre os anos de 1986 e 1988, com organização e apresentação de Joel Serrão e Rogério Fernandes.
A 30 de Outubro de 1987, foi feito Grande-Oficial da Ordem da Liberdade a título póstumo.