Em 1932, José Leite de Vasconcelos, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, identificou como pertencendo à cidade de Ammaia as ruínas romanas existentes nas imediações da aldeia de São Salvador da Aramenha, no concelho de Marvão.
A cidade romana de Ammaia foi criada pelos romanos entre os fins do séc. I a.C. e os inícios do I d.C., em local nunca antes habitado. Foi abandonada em momento indeterminado da Alta Idade Média e não conheceu ocupações posteriores, contrariamente ao que sucede com grande parte das antigas cidades romanas do espaço hoje português. O local foi classificado como Monumento Nacional em 1949, porém, durante meio século nada se fez para o conhecer, valorizar e proteger.
No início da década de 1990, iniciou-se o processo de investigação, conservação, valorização e divulgação desta cidade romana, com a constituição da Fundação Cidade de Ammaia, que presentemente a Universidade de Lisboa, a Faculdade de Letras e a o Centro de Arqueologia da ULisboa (UNIARQ) integram, enquanto instituições parceiras. Entre várias iniciativas, contam-se a criação no local de um Museu e de um Laboratório de Conservação e Restauro.
Entre 2009 e 2013, um grande projeto internacional (Radio-Past) prospetou sistematicamente o espaço da antiga cidade, usando métodos não-invasivos. Os resultados obtidos são extraordinários, pelo que hoje se dispõe de uma imagem fidedigna do que se esconde no subsolo.
Apesar da enorme relevância para o estudo desta cidade romana, tais métodos não fornecem, contudo, informação histórica capaz de dar resposta a questões mais concretas, tais como: quando terá sido fundada a cidade de Ammaia, qual terá sido a dinâmica da sua ocupação ou quando foi abandonada. Procurando responder a estas perguntas, está actualmente em curso um novo projeto de investigação interuniversitário, que se pretende também internacional.
Tirando partido das valências existentes no local, desenhou-se ainda para a cidade de Ammaia um amplo programa de formação, no âmbito dos Cursos de Verão/ Summer School Cidade de Ammaia, no qual se têm envolvido vários estudantes da FLUL e de outras universidades portuguesas e estrangeiras. O programa oferece formação em métodos e técnicas de trabalho arqueológico, princípios básicos de conservação e restauro, e em métodos de divulgação e apresentação pública de vestígios arqueológicos.
A relevância desta cidade romana ultrapassa, como se adivinha, os limites regionais e nacionais. Recentemente, o Canal Extremadura TV (Espanha), dedicou a este projecto arqueológico um capítulo da sua série documental El lince con botas 3.0. A primeira parte deste capítulo, "El yacimiento de Ammaia", foi emitida no passado dia 22 de fevereiro e pode já ser vista no site do canal espanhol. A segunda parte será transmitida no próximo domingo, dia 28 de fevereiro, às 23 horas, estando disponível para visualização em direto, no mesmo site, ou, em diferido, a partir do dia seguinte.
Poderá, ainda, acompanhar as notícias mais recentes sobre a cidade de Ammaia através da página de Facebook do projecto, ou indo até São Salvador da Aramenha, Marvão, ver o que resta da antiga cidade e apreciar o trabalho que ali se desenvolve.
Agradece-se ao Professor Doutor Carlos Fabião, responsável científico da cidade de Ammaia, Professor Associado da Faculdade de Letras da ULisboa e investigador integrado do UNIARQ – Centro de Arqueologia da ULisboa, o apoio prestado durante a elaboração deste artigo.
Foto: Fundação Cidade de Ammaia/ Direitos reservados
*Nota: veja página de Facebook Fundação Cidade de Ammaia