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Área de Ciências da Linguagem
Financiamento Nacional
P2LINK - A Ligação entre a Percepção e Produção na Infância: Um estudo de aquisição da linguagem com intervenção oral-motora
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/LLT-LIN/1115/2021
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Linguística da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: Sónia Frota
Duração: 36 meses (17/01/2022 a 16/01/2025)
Financiamento: 249 240,33€
Resumo: A perceção da fala em fases iniciais desempenha um papel fundacional na aquisição da linguagem, com efeitos em cascata no desenvolvimento linguístico subsequente. Capacidades de discriminação e processamento da fala no primeiro ano de vida, assim como a progressiva sintonização para propriedades da língua nativa, guiam o processo de aquisição, influenciando a aprendizagem de categorias fonéticas, prosódicas e fonológicas, que, por seu turno, desencadeiam a aprendizagem de palavras e o processamento sintático [1, 2, 3, 4, a]. Tem crescido recentemente a investigação sobre a ligação entre perceção e produção no desenvolvimento inicial da linguagem, tendo sido encontradas influências sensóriomotoras na perceção da fala em bebés em fases pré-balbuceio. Foi mostrado, em particular, que perturbações oro-motoras induzidas experimentalmente comprometem a perceção da fala [5]. Contudo, até aqui apenas foram examinadas interações com a discriminação de fonemas, pelo que a seletividade, a generalização e o potencial impacto noutros domínios das influências sensório-motoras são ainda desconhecidos. Estão também por estudar os efeitos das perturbações oro-motoras de longa duração no desenvolvimento da perceção da fala e consequente impacto na aquisição da linguagem. Este tipo de perturbação caracteriza populações clínicas com dismorfologias oro-motoras, como a hipotonia oral, a protrusão da língua ou o palato curto. Para o tratamento destas condições na infância, por exemplo na Síndrome de Down (SD), têm sido propostas intervenções terapêuticas com placas palatinas [6, d]. Se bem que estejam demonstradas melhorias estéticas e de aspetos relevantes da morfologia oral, ainda nenhum estudo examinou se e como este tipo de intervenção e os aparelhos utilizados têm impacto no desenvolvimento da perceção e na aquisição da linguagem. O projeto P2LINK contribui para a área emergente da investigação sobre a ligação perceção-produção na aquisição da linguagem abrindo duas avenidas de investigação: (i) examina quão gerais são os efeitos sensório-motores na perceção da fala e como eles se relacionam com desenvolvimentos linguísticos subsequentes em crianças com desenvolvimento típico; e (ii) avalia como as terapêuticas de intervenção incidindo sobre dismorfologias motoras têm impacto não apenas no desenvolvimento oro-motor, mas também nas competências percetivas e na aquisição da linguagem no desenvolvimento atípico. O projeto tem cinco objetivos principais, que consubstanciam a natureza inovadora do programa de pesquisa proposto: (1) Expandir a avaliação das influências sensório-motoras na perceção da fala infantil a um contraste fonológico novo e, para além da fonologia segmental, a distinções prosódicas (perceção do acento de palavra e entoação). (2) Produzir o primeiro estudo que determinará se as crianças mexem espontaneamente a língua quando ouvem fala. (3) Medir a relação entre os desenvolvimentos linguísticos posteriores e o impacto das influências sensório-motoras na perceção de fala em fases iniciais do desenvolvimento. (4) Testar uma placa palatina com terminação externa de chupeta suscetível de uso alargado em populações clínicas para melhorar a morfologia oral, que seja validada do ponto de vista percetivo-motor como não limitando capacidades percetivas. (5) Avaliar os benefícios desse dispositivo tanto em relação à morfologia oral como ao desenvolvimento da linguagem, através de um estudo longitudinal de intervenção com crianças com SD, partindo do trabalho prévio dos membros da equipa do Lisbon Baby Lab (CLUL/FLUL) no domínio do desenvolvimento inicial da linguagem na SD e dos membros da equipa da FMDUP na área da saúde oral na SD. Utilizando um conjunto de métodos não-invasivos (fixação do olhar, eye-tracking, imagiologia com ultrassom, questionários parentais, escalas de desenvolvimento), e tirando partido de paradigmas experimentais testados em estudos anteriores, instrumentos de avaliação de linguagem desenvolvidos/adaptados para o Português Europeu (PE), e dados normativos ou de referência para crianças aprendentes de PE, quer com desenvolvimento típico, quer com SD, construídos pela mesma equipa nuclear multidisciplinar, o P2LINK fornecerá dados cruciais sobre a importância dos processos oro-motores na perceção inicial da fala e no desenvolvimento da linguagem. Os resultados do projeto terão implicações clínicas extensíveis a várias condições caracterizadas por perturbações oro-motoras (e.g. Síndromes Mobius e Pierre Robin e Paralisia Cerebral Congénita), e trarão avanços na compreensão da ligação entre perceção e produção na aquisição da linguagem típica e atípica. A combinação das competências científicas e clínicas no seio do P2LINK (que junta a linguística, a psicolinguística, a psicologia, a terapia da fala e a odontopediatria) promove a translação clínica das descobertas e produtos científicos, perspetivando melhor saúde e educação numa sociedade inclusiva.
Área de Filosofia
Financiamento Nacional
CWA6 - Tradução Anotada das Obras Completas de Aristóteles (Sexta Fase)
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/FER-FIL/0305/2021
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: António Pedro Mesquita
Duração: 36 meses + 6 meses (17/01/2021 a 16/07/2025)
Financiamento: 182 480,70€
Resumo: Este projeto visa promover a tradução e consequente publicação da totalidade da coleção aristotélica, pela qual se entende: o conjunto das obras incluídas na edição Bekker, acrescido da Constituição dos Atenienses; os fragmentos atribuídos a obras perdidas de Aristóteles; e as obras apócrifas que circularam em época tardia sob o nome de Aristóteles, como, por exemplo, o Livro das Causas ou o Segredo dos Segredos. As obras completas que daqui resultam são as únicas, a nível internacional, a incluir estas últimas. Ao empreender a tradução desta coleção, este projeto torna-se, portanto, o primeiro e, até o momento, o único em todo o mundo a abranger o que pode ser considerada a integralidade do legado aristotélico. A edição, feita em colaboração com a INCM, estende-se por 43 tomos (ver Anexo 1) e congrega praticamente todos os investigadores nacionais nas áreas da filosofia antiga, estudos clássicos e estudos árabes e islâmicos, bem como diversos especialistas estrangeiros, provenientes de diferentes universidades, num total de 41 colaboradores (ver Anexo 2). Saíram já por este projeto 17 tomos (ver Anexo 1). No prelo, encontra-se ainda o seguinte: IX.5: Sobre Melisso, Xenófanes e Górgias. Virtudes e Vícios. Retórica a Alexandre. Em fase de revisão, encontram-se as seguintes obras: I.4: Segundos Analíticos; II.1: Física. Começadas em fases anteriores do projeto, por vezes sob responsabilidade de outros colaboradores, serão completadas nesta fase as seguintes traduções: I.3: Primeiros Analíticos; I.6: Refutações Sofísticas; II.2: Sobre o Céu; III.2: Pequenos Tratados de História Natural; IV.4: Movimento dos Animais. Progressão dos Animais; VI.1: Ética a Nicómaco. A iniciar a sua preparação com CWA-6, encontram-se as seguintes obras: V.2: Metafísica VII-IX; VI.2: Grande Moral; VII.1: Política; VIII.2: Poética; XI.1-2: Fragmentos dos Tratados, Monografias, Recolhas e Escritos Privados; XII.2: Livro das Causas. Livro da Maçã. A presente candidatura corresponde à penúltima fase do projeto, após o termo da qual será lançada uma última, para a preparação dos 7 derradeiros volumes (ver Anexo 3). Nos termos de um protocolo estabelecido entre o CFUL, a INCM e a editora brasileira Martins Fontes, as traduções publicadas em Portugal começaram a sair também no Brasil, desde 2011, em edição preparada por esta, tendo sido publicados 5 tomos. Por dificuldades económicas da editora brasileira, esta parceria foi interrompida, tendo sido estabelecido um novo protocolo, em idênticos moldes, com a Fundação Editora Unesp, da Universidade Estadual Paulista, que assegurará a partir de aqui a publicação das obras no Brasil. O projeto faculta ainda um contacto interativo com os interessados através do portal www.obrasdearistoteles.net. Nele encontram-se, em versões portuguesa e inglesa, diversos elementos de informação, além do texto completo de todos os volumes publicados, disponibilizado condicionadamente com a entrada em circulação da versão em papel. Com CWA-6, e pela primeira vez desde o início do projeto, começar-se-á a preparar, além de traduções portuguesas de obras do corpus aristotélico, edições críticas de alguns dos seus originais, em particular dos seguintes dois: do texto grego do De lineis insecabilibus, tratado pseudo-aristotélico incluído num dos tomos publicados na quinta fase (IX.2); e do texto árabe do De pomo, diálogo apócrifo tardio a incluir num dos tomos a publicar nesta fase (XII.2), que até agora não dispõe de nenhuma edição crítica. Ambas as edições serão acompanhadas de estudo introdutório, tradução inglesa e notas e, quando concluídas, serão propostas para publicação a uma editora internacional de referência. Ao mesmo tempo, como nas fases anteriores do projeto, serão organizados encontros científicos internacionais, cujos resultados darão origem a obras colectivas a publicar em editoras internacionais de referência, e o projeto continuará a empenhar-se de diversos modos na promoção dos estudos avançados sobre Aristóteles e a tradição aristotélica. Com a concretização deste projeto, pretende-se: 1) alargar substantivamente o conhecimento do público lusófono de textos fundamentais da história da filosofia ocidental; 2) permitir o acesso e favorecer o contacto direto dos estudantes universitários da graduação de língua portuguesa com os principais textos do corpus aristotélico; 3) promover a investigação sobre o pensamento filosófico clássico nas Universidades lusófonas; 4) promover os estudos avançados sobre Aristóteles e a tradição aristotélica em Portugal e outros países de língua portuguesa; 5) estimular, reforçar e consolidar o intercâmbio científico e académico entre Portugal e o Brasil, e, em geral, com a América Latina e o espaço de influência das línguas ibéricas; 6) contribuir para a internacionalização da investigação científica nacional na área da filosofia antiga. Estes desideratos já vêm sendo conseguidos desde o lançamento da primeira fase do projeto, em 2004.
Financiamento Internacional
PLEXUS - Philosophical, Logical, and Experimental routes to substructurality
Entidade Financiadora: European Research Executive Agency
Referência: 101086295
Papel da FLUL: Instituição Participante
Unidade de Investigação: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
Investigador Representante da FLUL: Bogdan Dicher
Instituição Proponente: Universidad de Navarra
Investigador Responsável: Pablo Cobreros
Instituições Participantes: Università degli Studi di Torino; École Normale Superieure; Universiteit Van Amsterdam; Universita degli Studi di Cagliari; Consejo Nacional De Investigaciones Cientificas y Tecnicas; Monash University; The City University of New York Graduate Center Cuny; King's College London
Duração: 48 meses (01/01/2023 a 31/12/2026)
Financiamento: 556 600,00€ (Global), 46 000,00€ (FLUL)
Resumo: There is a large family of non-classical logics that fall under the heading of substructurality. Among the logics in the substructural family, the recent philosophical literature pays particular attention to what can be termed “radically substructural logics”: nontransitive and non-reflexive reflexive logics as well as variants and hybrids of these obtained by metainferential ascent. The overall goal of PLEXUS is to advance the knowledge of radical substructural logics and deepen our understanding of the broader phenomenon of substructurality, by coordinating the efforts of researchers across the globe, across generations, and across traditions. We see our project characterised by the following concepts: integration, cross-fertilization and knowledge sharing.
This general objective is articulated in three objectives:
1. Philosophical Foundations: investigate the main philosophical challenges raised by radically substructural logics.
2. Logic and applications: investigate proof-theoretic and model theoretic characterizations of radically substructural logics and their logico-linguistic applications.
3. The Metainferences Inventory and Metainferences Prover: develop a tool to measure naïve reasoners' preferences on metainferences and implement an automatic metainferences prover.
Área de História
Financiamento Nacional
B-ROMAN - Exploração e consumo de recursos biológicos no ocidente Ibérico em Época Romana
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/HAR-ARQ/4909/2020
Papel da FLUL: Instituição Participante
Unidade de Investigação: Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
Investigador Representante da FLUL: Cleia Detry
Instituição Proponente: ICETA - Instituto de Ciências, Tecnologias e Agroambiente da Universidade do Porto
Investigador Responsável: João Pedro Vicente Tereso
Duração: 36 meses + 9 meses (01/03/2021 a 30/11/2024)
Financiamento: 219 938,44€ (Global), 55 315,50€ (FLUL)
Resumo: O projeto B-Roman tem como objetivo compreender de que forma os recursos biológicos foram explorados e integrados no modelo económico e de rentabilização territorial implementado na Lusitânia Romana, no ocidente ibérico. Propomo-nos obter novos dados sobre a exploração de plantas e animais nesta região, caracterizar o seu abastecimento às cidades, perceber como estes diferiram ao longo do tempo e espaço, e qual o seu papel nos processos de aculturação das comunidades humanas e alteração de paisagens na província Romana mais a ocidente do Império. Estudar-se-ão vestígios de plantas e animais provenientes de um vasto conjunto de sítios arqueológicos da Lusitânia, combinando abordagens clássicas com novos métodos de análises de isótopos, em estreita articulação com os contextos e registos arqueológicos. Para tal, foi reunida uma equipa multidisciplinar e internacional, com conhecimentos aprofundados sobre Arqueologia Ambiental e a história da ocupação Romana nas províncias ibéricas. A expansão do Império Romano e a implementação de novos modelos socioeconómicos nos territórios ocupados foram processos complexos e variaram de acordo com as características das populações indígenas e da forma como a sua conquista teve lugar ([FaCaAl16] [Al08]). Não obstante a existência de um fundo comum, implementado ao longo dos anos pela administração Romana, a realidade social provincial era efetivamente muito diversa e heterogénea, particularmente nos territórios mais distantes de Roma, como a Lusitânia ([FaCaAl16] [Al08]). Um novo modelo de gestão e exploração deste território, alicerçado em novos centros urbanos e potenciado pela criação uma vasta rede de comunicação, teve um papel fundamental no processo de aculturação das comunidades indígenas. De forma a lidar com as necessidades decorrentes do aumento populacional destas cidades e do incremento da atividade comercial, surgiu um sistema de produção e consumo à escala imperial que coexistia com economias de pequena dimensão, baseadas na autossuficiência ou no comércio local, materializadas na criação de uma rede de villae e pequenas unidades rurais ([FaCaAl16] [Al08]). Esta mudança nos sistemas produtivos, estimulada por condições climáticas favoráveis e diversos progressos tecnológicos, levou ao florescimento da agricultura e da produção animal durante o período Romano que, por sua vez, instigaram as profundas alterações na paisagem que se registaram neste período ([FaCaAl16] [Al08] [TeRaAl13]). Muito deste debate tem-se tradicionalmente cingido ao estudo de materiais e estruturas arqueológicas, coadjuvados pelas fontes clássicas. Não obstante estes constituírem um importante ponto de partida, as mais recentes abordagens metodológicas e teóricas preconizadas pela Arqueobotânica e Zooarqueologia proporcionam informações cruciais, impossíveis de obter por outros meios, e necessárias para complementar e validar outros dados históricos e arqueológicos. Porém, os estudos arqueobotânicos realizados nesta região são escassos e distribuídos de forma desigual. Análises carpológicas são quase inexistentes e as antracológicas são insuficientes, não permitindo compreender sistemas agrícolas ou modelos de obtenção e utilização da madeira como combustível e material de construção. Também os estudos de isótopos são inexistentes na região, não obstante fornecerem informações relevantes para o conhecimento das condições de crescimento das plantas e para a deteção de diferenças (sociais ou outras) no acesso aos melhores solos [MoTeGr19]. A investigação zooarqueológica, por oposição, está bastante mais desenvolvida nesta área de estudo, graças aos trabalhos da co-PI do projecto B-Roman. Estes centraram-se na identificação das principais espécies consumidas, na clarificação de cronologias e contextos sociais de introdução de novas espécies [DeCaMo18] e no melhoramento animal, usando dados biométricos e de ADN antigo (Detry in prep.). No entanto, existem lacunas no que respeita aos dados de isótopos, que permitiriam obter dados relativos à mobilidade e alimentação animal, particularmente relevantes para compreender o abastecimento dos centros urbanos. No seu final, o projeto B-Roman, através de uma equipa experiente e multidisciplinar, espera contribuir de forma decisiva para compreender a exploração e o uso dos recursos biológicos neste espaço e cronologia, integrando-os na realidade histórico-arqueológica da região, e onde as cidades detinham particular importância. Considerando a abrangência dos temas abordados neste projeto – incluindo a agricultura, silvicultura, criação de gado, gestão territorial, comércio, assim como outros aspetos do dia-a-dia das populações – a metodologia preconizada por este projeto permitirá também melhor compreender a implementação de novos modelos socioeconómicos e culturais de índole romana no sudoeste ibérico, integrando-o na história económica, social e ambiental do Império Romano.
ECOFREEDOM - Ecologias da Liberdade: Materialidades da Escravidão e Pós-emancipação no Mundo Atlântico
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/HAR-ARQ/4540/2021
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: Rui Coelho
Duração: 36 meses (15/01/2022 a 14/01/2025)
Financiamento: 249 928,01€
Resumo: Este projecto centra-se nas transformações sociais e ambientais que tiveram lugar durante e depois da abolição da escravidão entre 1720-1950 em duas regiões do mundo Atlântico: Portugal, no sudoeste europeu e Guiné-Bissau, na África ocidental. A escravidão foi abolida nos territórios europeus de Portugal em 1761, e na Guiné-Bissau em 1869. No entanto, a experiência da escravidão continuou depois da sua abolição formal. No caso de Portugal, depois da década de 1760, camponeses sem-terra continuaram a ser sujeitos a formas informais de servidão até ao século XX. Na Guiné-Bissau, a escravidão foi substituída por um regime de trabalhos forçados que subsistiu até à década de 1960. Este projeto inovador examinará as materialidades de regiões em que se experimentaram a escravidão e as consequências da emancipação, e localizará as fronteiras entre as ecologias da escravidão e da liberdade. Neste projeto perguntamos: 1) Como se materializaram na vida quotidiana as mudanças entre uma sociedade com escravidão e uma sociedade sem escravidão? 2) Que transformações ambientais ocorreram na transição entre esses dois tipos de sociedade? 3) Quais foram as circunstâncias materiais da liberdade, e o que as torna diferentes das da escravidão? Hipotetizamos que: 1) Uma sociedade baseada na escravidão e uma sociedade sem escravidão tiveram diferentes ecologias. De uma forma geral, as suas ecologias corresponderam a relações específicas entre humanos, animais, plantas, e a paisagem. As diferenças entre as ecologias indexaram diferentes tipos de práticas agrícolas e de gestão do trabalho, assim como distintos padrões de ocupação do território. É possível que numa sociedade baseada na escravidão a agricultura dependesse mais de culturas comerciais, ou em culturas focadas no tráfico de escravos. É possível que uma sociedade livre tivesse uma maior diversidade de produtos agrícola, assim como acesso a um leque mais variado de alimentos; 2) A transição entre uma sociedade com escravidão e uma sociedade sem escravidão teve impacto no envolvimento sensorial das pessoas com o mundo. Este impacto pode ser avaliado em padrões de consumo de cultura material, e na organização interna de ambientes domésticos. É possível que tenha existido uma procura maior de bens pessoais depois da abolição da escravidão, quando as comunidades entraram em economias baseadas em salários e começaram a lidar com dinheiro de forma mais frequente. De forma a responder às questões de pesquisa e verificar as hipóteses, o projeto será implementado através de seis disciplinas diferentes: história ambiental, arqueologia histórica, arqueobotânica, palinologia, arqueozoologia e geoarqueologia. Cada uma destas disciplinas terá o seu leque específico de questões e será conduzida por especialistas. Os especialistas focar-se-ão em duas regiões distintas: Alentejo, no sul de Portugal e Cacheu, na Guiné-Bissau. Em cada uma destas regiões escolheremos dois sítios arqueológicos para estudo arqueológico: um edifício residencial para escavação, e um sítio na margem de um rio para sondagens geoarqueológicas. A componente científica do projeto culminará com uma oficina que terá por objetivo o desenvolvimento de colaborações entre arqueocientistas, historiadores e arqueólogos históricos que trabalham na relação entre escravidão, trabalho forçado e transformações ambientais no mundo moderno. Este projeto é inspirado e desenhado de acordo com a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Objetivos 8, 10, 15, 16). Procuraremos visibilizar as raízes históricas do trabalho forçado e os seus legados contemporâneos. De forma a torná-lo possível, iniciaremos um processo de colaboração com comunidades locais e partes interessadas com uma perspetiva de longa duração, as quais serão consultadas durante todo o projeto e envolvidas na planificação de um projeto educacional focado na consciencialização internacional para os problemas do racismo e os seus legados. A análise gerada por este projeto deverá informar instituições estatais nos seus esforços para entender, prevenir e combater formas contemporâneas de trabalho forçado em Portugal, na Guiné-Bissau e mais além.
FRONTOWN - Pensa em grande sobre as pequenas vilas de fronteira: Alto Alentejo e Alta Extremadura leonesa (séculos XIII – XVI)
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/HAR-HIS/3024/2020
Papel da FLUL: Instituição Participante
Unidade de Investigação: Centro de História da Universidade de Lisboa
Investigador Representante da FLUL: Ana Filipa Roldão
Instituição Proponente: Universidade Nova de Lisboa
Investigador Responsável: Adelaide Costa
Duração: 36 meses + 12 meses (20/03/2021 a 19/03/2025)
Financiamento: 238 158,56€ (Global), 17 043,75€ (FLUL)
Resumo: Este projeto desenvolve-se em 2 abordagens confluentes. A 1ª visa identificar o papel desempenhado por pequenas vilas na articulação de um território de fronteira entre Portugal e Castela, e na relação com espaços mais distantes, explorando todos os vínculos e fluxos que entre esses povoados se estabeleçam, viabilizados ou obstruídos pelas condições geográficas, materiais, políticas ou mentais. Ainda que os enquadramentos geográfico e cronológico não sejam a priori rigorosos, o 1º centra-se no Alto Alentejo português e na Alta Extremadura leonesa, e o 2ª prolonga-se dos séculos XIII ao XVI. A 2ª perspetiva de análise fixa-se no estudo e reconstituição da evolução do espaço urbano de duas destas vilas, situadas em cada um dos lados da fronteira e escolhidas após sondagem às potencialidades documentais a ao cumprimento similar de critérios funcionais e de impacto na zona: Castelo de Vide e Cáceres. As 2 escalas de observação – macro e micro - mobilizam uma equipa ibérica multidisciplinar composta por historiadores, arqueólogos, historiadores de arte e do urbanismo e especialistas em ciências da computação. O núcleo central da equipa trabalha de forma consistente há anos em projetos exploratórios sobre pequenas vilas, experiência que se revela essencial para a afinação metodológica e a maturação concetual aplicada nesta proposta. Os elementos agora incorporados carreiam know how em áreas historiográficas específicas e em novos domínios do conhecimento. O facto de o território observado corresponder a uma zona confinante entre dois reinos, estruturada por uma fronteira política estável, gera condições para elaborar um estudo comparativo entre as pequenas vilas que aí se localizam. Defendemos que esta é uma via para ultrapassar os constrangimentos que votam ao fracasso os estudos comparados, mercê das incompatibilidades documentais, cronológicas e de concetualização das realidades a cotejar. Face a este quadro de base, a perspetiva de abordagem a desenvolver é inovadora pelas premissas em que assenta e pela metodologia utilizada. Concede-se o protagonismo a um conjunto de pequenas vilas, rejeitando assumi-las, a priori, como elos menores de uma rede de centralidades polarizadas pelos grandes centros urbanos. Estudos conduzidos para outras regiões da Europa apontam o estabelecimento de fluxos e vínculos entre povoados de dimensões reduzidas, que não são subsidiários dos liderados por cidades e vilas de primeira linha, mas paralelos, atingindo mesmo grandes distâncias (Cf. Rev. Lit.). É nossa intenção testar estas hipóteses explicativas, aplicando variáveis que adaptam o método preconizado por Jean-Luc Fray, consultor deste projeto (Cf. Ver. Lit.). Para visualizar e potenciar os resultados da metodologia, utiliza-se uma base de dados georreferenciada já existente (Mercator -e), incorporando novos layers de acordo com variáveis de conectividade exploradas. A 2ª vertente da abordagem - a micro - articula-se com a modelação e animação em 3D, com o objetivo de observar como os fluxos e os vínculos se refletem no espaço urbano destas duas vilas: reconstituindo as áreas de mercado, de trocas, de convivialidade, de decisão, de representação, bem como as vias e os terreiros e a sua relação com o tecido residencial. O desafio desta 2ª via de análise é o de produzir outputs com impacto na comunidade científica, nos decisores e na sociedade. Assim, as reconstituições e animações 3D: (i) permitem aos investigadores levantar novos questionamentos; (ii) informam os responsáveis pelas intervenções urbanísticas nos centros históricos; e (iii) constituem elementos decisivos para alavancar as indústrias criativas e o turismo. Mas estas representações, destinadas a preservar a herança cultural das vilas e vocacionadas, antes de mais, para os seus habitantes, aplicam-se, também, a contextos educativos. A vinculação à sociedade encontra-se na essência deste projeto, dada a larga trajetória de trabalho conjunto entre as universidades envolvidas e vilas da região. A confiança depositada na eficaz construção, gestão e utilização dos resultados da pesquisa traduz-se no apoio a esta proposta por parte desses municípios. A publicitação de outputs concretiza-se num portal com ligação a infraestruturas de disseminação, como a Casa de Velázquez que irá publicar resultados do projeto em acesso aberto, promover a formação avançada conjunta e cimentar a rede internacional de investigadores. Apontam-se impactos relevantes do projeto em dois níveis: (1) científico - a proposta é inovadora pela problemática a que pretende dar resposta, pela identificação de um território compósito entre dois reinos, pela equipa ibérica multidisciplinar que congrega e pelos outputs previstos; (2) societal – a matriz do projeto vincula-se à sociedade, a uma região pouco povoada e envelhecida, mas onde os municípios apostam na revitalização e na visibilidade cultural e cientificamente sustentada. Este é o nosso contributo.
iFORAL - Forais Medievais Portugueses: Uma perspetiva histórica e linguística na era digital
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/HAR-HIS/5065/2020
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de História da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: Ana Filipa Roldão
Instituições Participantes: Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Universidade de Aveiro; Universidade de Coimbra; Universidade de Évora; Universidade Nova de Lisboa; Université de Lausanne
Duração: 36 meses (29/03/2021 a 28/03/2024)
Financiamento: 190 459,23€ (Global), 88 728,35€ (FLUL)
Resumo: The Kingdom of Portugal was formed in the 12th-13th centuries, by establishing its borders, defining ruling powers and securing the social-economic stabilization of its inhabitants. This construction included written pacts that secured long-duration legal relationships. Kings, on one hand, and both secular and ecclesiastical lords, on the other hand, put in writing rules governing both their relationship with the communities and the relations among the inhabitants, namely their rights and duties. Such written charters were called forais. Our project exclusively targets the municipal charters granted by kings, labelled short charters, aiming to reinterpret the nature of such documents (the circumstances in which charters were granted and their text passed on) and the role they played in the wide scope of the relationship between the municipalities and royal administration. In order to fulfil such goals, the project is guided by a key driver, i.e. an interdisciplinary approach. History and Linguistics will provide researchers with the conceptual and methodological tools required, while Digital Humanities ensure the key instruments for maximizing the potential of the results and rendering their research and dissemination effective. The main instrumental objective of our project is to create a corpus of Portuguese medieval forais, relying on a critical edition and electronically supported, for subsequent historical-linguistic reflection. This corpus shall include all Portuguese forais granted by the kings until 1279, as well as their copies and vernacular versions produced until the end of the 15th century.
ZooCHAnges - A Zooarqueologia como um indicador de colapso social durante o Calcolítico final do SW Ibérico: perspectivas desde a biometria tradicional, geometria morfométrica, dieta e mobilidade das faunas dos Perdigões
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: 2022.02053.PTDC
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: Nelson Almeida
Instituições de Colaboração: Universidade do Algarve; ERA Arqueologia SA; ISEM - Institut des Sciences de l'Évolution de Montpellier; Consejo Superior de Investigaciones Científicas - Institución Milá y Fontanals
Duração: 18 meses (01/03/2023 a 31/08/2024)
Financiamento: 49 625,00€
Resumo: Durante o 3º milénio aC, evidencia-se no Sudoeste Ibérico o apogeu de uma trajectória de complexidade social, seguida por uma crise e quebra abrupta. Tal verifica-se de forma clara no registo arqueológico (e.g., cultura material, arquitectura, práticas deposicionais e funerárias) mas as causalidades externas e internas são ainda debatidas. Os restos faunísticos são uma variável importante para a análise das mudanças socio-económicas e ideológicas das sociedades da Pré- História Recente. Com a domesticação, algumas espécies ficam crescentemente mais importantes na esfera económica e ganham relevância em contextos ritualizados e cerimoniais comuns durante o Calcolítico. Novos conjuntos faunísticos do Centro e Sul de Portugal foram estudados recentemente e uma mudança nas proporções de animais domesticados/selvagens foi observada nos sítios mais interiores durante o final do Calcolítico. Para além de algumas análises pontuais no âmbito de estudos dedicados a restos humanos, os dados isotópicos de dieta e mobilidade animal são escassos, especialmente se considerarmos conjuntos numericamente relevantes que permitam aproximações estatisticamente sólidas.
Nós hipotetizamos que terão ocorrido mudanças na exploração e manejo de animais entre 2900-2000 aC, i.e., durante o Calcolítico e a transição para a Idade do Bronze no Sudoeste Ibérico. Estas mudanças podem informar acerca das causalidades, consequências e adaptações ao novo cenário socio-político do início da Idade do Bronze. Como tal, a análise das relações humanos-animais precisa de ser aprofundada.
De forma a discutir o colapso destas comunidades no Calcolítico final, o ZooCHAnges propõe uma aproximação multifacetada, focando as mudanças no tamanho de animais, dietas e mobilidade. O estatuto de domesticação de algumas espécies (e.g., bovinos, suínos, equídeos) também será considerado devido à dificuldade em avaliar o mesmo e a possível ocorrência de eventos locais de domesticação. Para tal, servir-nos-emos de estudos relacionados com o tamanho de animais, dieta e mobilidade, através de osteometria, odontometria, geometria morfométrica, isótopos de carbono, nitrogénio, oxigénio e estrôncio.
A combinação destas questões e metodologias é altamente inovadora, porquanto tal nunca foi aplicado no Sudoeste Ibérico. Para além disso, o projecto foca questões extremamente relevantes para a actualidade, relacionadas com a pecuária e a sustentabilidade, onde factores ambientais, climáticos, sociais e ideológicos estão envolvidos. A necessidade de compreender mais aprofundadamente a aplicabilidade e possíveis limitações desta aproximação transdisciplinar leva-nos a propor o ZooCHAnges como um projecto exploratório (PeX).
O factor cronológico implica uma seleção de conjuntos bem caracterizados com uma longa biografia sustentada por datações radiométricas, com um conjunto faunístico potencialmente informativo que possibilite uma análise metodológica ampla. Assim, selecionámos o recinto de fossos dos Perdigões, no Alentejo, que apresenta um dos maiores conjuntos faunísticos calcolíticos do Sudoeste Ibérico. O sítio é interpretado como um centro cerimonial com um importante consumo de recursos faunísticos devido à sua longa biografia, número de restos e sua proveniência diversa (e.g., fossas, fossos, contextos funerários). Estudos isotópicos prévios demonstraram a viabilidade deste tipo de análises em materiais dos Perdigões, mitigando os riscos associados à aplicação destas metodologias.
O projecto ZooCHAnges olha para a diacronia, mas foca os contextos mais tardios dos Perdigões (último quartel do 3º milénio aC). Como tal, iremos amostrar contextos funerários e não-funerários, tentando obter um número de amostras comparável para os diferentes períodos e entre espécies analisadas. Ainda que o sítio apresente um programa de datações robusto, sendo um dos melhor datados da Pré-História Recente Ibérica, novas datações absolutas são necessárias, sobretudo em contextos não datados de forma a situá-los adequadamente na biografia do sítio. Novos dados serão construídos com base em informações existentes, permitindo uma comparação às escalas local, regional e supra-regional. O IR reuniu uma grande quantidade de dados zooarqueológicos para sítios do Neolítico, Calcolítico e Idade do Bronze do Centro e Sul de Portugal. Estes são complementados por diversos trabalhos da co-IR e dos restantes membros da equipa. Em conjunto, estas bases de dados contêm uma grande quantidade de dados organizados esperando uma análise mais aprofundada. O projecto conta com uma equipa internacional de especialistas em arqueologia, zooarqueologia e arqueometria, tanto pesquisadores séniores como juniores, muitos dos quais já desenvolveram pesquisa nos Perdigões ou trabalharam com as metodologias propostas. Colaborações nacionais e internacionais, assim como o consultor, irão reforçar o projecto. Iniciativas de alcance público e directrizes de Ciência Aberta serão implementadas.
Financiamento Internacional
SLAVESRELIGION - Slaves of Religion: Paternalism and Resistance, Brazil
Entidade Financiadora: European Research Executive Agency
Referência: 101065425
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de História da Universidade de Lisboa
Investigador Responsável: Maria Eugénia Rodrigues
Duração: 24 meses (01/12/2022 a 30/11/2024)
Financiamento: 172 618,56€
Resumo: SLAVESRELIGION is an interdisciplinary proposal aimed at understanding the process of implementation, exploitation and perpetuation of slavery in the properties of the Luso-Brazilian Benedictine Congregation between 1750 and 1871, highlighting issues related to Gender, Race and Slavery in the Atlantic world. It also intends to analyse the resistance strategies built by enslaved men and women against the disciplinary and moralising measures of the Order of Saint Benedict. The project aims to demonstrate that this Congregation played an important role in the construction of modern slavery, transforming it into one of the richest and most powerful Slave Orders in Brazil. The Benedictines built efficient and durable strategies for managing slaves through measures designed to control female behaviour, access to freedom, and reproduction. Despite the importance of this Congregation in the construction of modern slavery, few historians have analysed its peculiarities. There are indications that this Religious Order encouraged its slaves to own slaves. Moreover, there is also evidence that they encouraged enslaved women to reproduce in exchange for benefits (especially freedom). Besides, there are suggestions that they allowed slaves to accumulate patrimony and pass it on by inheritance to their heirs. The results of this research will be disseminated through various means, such as social media, digital platforms and seminars, among others. When concluded, the research will render three scientific articles on the peculiar slave management of the Benedictines and the resistance strategies of the enslaved population, with a special focus on slave women.
Área de Literaturas, Artes e Culturas
Financiamento Nacional
ARCA - Arquivo digital de história e memória dos retornos das colónias africanas
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: 2023.10715.25ABR
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Estudos Comparatistas
Investigadora Responsável: Elsa Peralta
Instituição de Colaboração: Universitetet i Agder
Duração: 18 meses (01/09/2024 a 28/02/2026)
Financiamento: 24 990,47€
Resumo: O 25 de abril de 1974 marcou não só o início da democratização de Portugal, mas também o arranque do processo de descolonização que levou ao reconhecimento da independência dos territórios africanos sob domínio português. Como consequência, mais de meio milhão de colonos, principalmente de Angola e Moçambique, retornaram a Portugal em 1975. O projeto ARCA tem como objetivo participar na construção da memória e da história destas migrações de retorno através de uma plataforma digital que serve como arquivo histórico e ferramenta de disseminação de conhecimento, tanto para a comunidade académica quanto para a sociedade civil. O ARCA disponibilizará documentos de arquivos históricos portugueses e internacionais, materiais de imprensa, registos audiovisuais, objetos de memória e testemunhos orais recolhidos ao longo dos anos pelos membros da equipa. Além disso, o arquivo incluirá recursos de investigação, educativos e críticos.
O ARCA pretende ser um instrumento de documentação histórica, de comunicação cultural e de intervenção cívica, promovendo parcerias para aumentar o seu impacto público e fomentar o diálogo em torno deste importante capítulo da história portuguesa. Além disso, o ARCA insere as migrações de retorno portuguesas no contexto mais amplo das migrações de descolonização europeias, contribuindo para uma compreensão mais profunda do impacto desses fluxos migratórios na configuração da Europa pós-colonial.
O ARCA tem uma equipa de investigação internacional e multidisciplinar, que inclui dois antropólogos, Elsa Peralta (PI) e Bruno Góis, e dois historiadores, Morgane Delaunay (co-PI) e Christoph Kalter. Os seus consultores também provêm de diferentes disciplinas: Rui Pena Pires, da sociologia; Santiago Pérez Isasi, dos estudos culturais; e Andreas Fickers, da história digital e pública.
Hospedado no Centro de Estudos Comparatistas (CEComp) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em parceria com a Universidade de Agder, o ARCA promove um diálogo estimulante entre as ciências humanas e sociais. Contribuirá para o já vasto corpo de conhecimento produzido pelo CEComp através de abordagens multidisciplinares e transculturais a questões de comparação, assim como para o seu crescente interesse no campo das humanidades digitais.
ARTHE - Arquivar o Teatro
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/ART-PER/41651/2021
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Estudos de Teatro
Investigadora Responsável: Maria João Brilhante
Instituição Participante: Instituto Universitário de Lisboa
Duração: 36 meses (14/01/2022 a 31/01/2025)
Financiamento: 246 446,28€
Resumo: O projecto ARQUIVAR O TEATRO propõe-se identificar, mapear e estudar a situação dos arquivos do teatro em Portugal, de modo a estabelecer um plano de boas práticasenvolvendo uma rede de instituições. Partindo da análise de dois importantes arquivos doados recentemente ao Centro de Estudos de Teatro /FLUL – os arquivos do Teatro da Cornucópia, companhia incontornável na renovação estética e política do teatro pós 25 de Abril e de Mário Barradas, principal promotor da descentralização teatral – e estendendo ametodologia de pesquisa a outros arquivos de companhias de teatro no país, ARQUIVAR O TEATRO procura aprofundar a análise das políticas de conservação públicas e privadas,para promover a preservação, acessibilidade e estudo dos mesmos. Tendo como ponto de partida o Teatro dito “Independente” (nome que se deu ao conjunto heterogéneo decompanhias não comerciais que cresceram no pós 25 de Abril) mas não se esgotando nele, antes procurando uma cartografia alargada que lhe procure filiações, descendências erupturas nacionais e internacionais, visa igualmente contribuir para a discussão acerca do papel do arquivo na construção da memória sobre o passado recente nas artesperformativas, propondo um estudo comparativo com realidades sobretudo europeias. ARQUIVAR O TEATRO será o primeiro projecto a realizar uma aproximação a este tipo dedocumentação para identificar existências, lacunas e modalidades de arquivamento praticadas pelas companhias e instituições, com vista a construir um mapa nacional e a combatero desaparecimento de informação fundamental para conhecer as mudanças profundas introduzidas nas práticas de organização e criação de novas companhias e nas formasartísticas do teatro em Portugal a partir da década de 70.
CONSTELLATIONS - Constelações de memória: um estudo multidirecional da migração e memória pós-colonial
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/SOC-ANT/4292/2021
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Estudos Comparatistas
Investigadora Responsável: Elsa Peralta
Instituição Participante: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
Duração: 36 meses + 6 meses (01/01/2022 a 30/06/2025)
Financiamento: 249 953,61€
Resumo: Esta proposta interessa-se pelas intersecções entre memória, migração e pós-colonialismo. A desintegração dos impérios coloniais europeus causou um grande movimento de pessoas (ex-colonizadores assim como ex-colonizados), do antigo mundo colonial para a Europa (EMM&MÖR1992). Como consequência, as classificações político-jurídicas de cidadania e as definições simbólicas de identidade dos estados-nação pós-imperiais europeus mudaram. Enquanto comunidades nacionais eram re-imaginadas, frequentemente com base em representações memoriais que ainda colocavam o império no centro das definições das identidades nacionais (PER2017; ROT2015), a presença de negros e asiáticos tornou-se inseparável do que significa ser europeu. Tal teve várias implicações para o funcionamento e para a dinâmica de uma Europa multicultural e para o estatuto dos sujeitos pós-coloniais dentro das suas fronteiras (LAS&DEP&PES2020). Concretamente, este Projeto dedica-se ao estudo das CONSTELAÇÕES DE MEMÓRIA criadas pelas migrações (livres ou forçadas) que acompanharam o fim dos impérios coloniais europeus e o mundo pós-colonial criado em consequência. A investigação situa-se numa geografia partilhada da memória – a do Portugal pós-colonial – e está ancorada em bairros da classe trabalhadora habitados por diferentes subgrupos de populações pós-coloniais. Serão considerados dois grupos distintos de migrantes pós-coloniais, de forma a avaliar a conexão das memórias pós(coloniais): 1) os antigos colonos portugueses (Retornados); 2) os imigrantes oriundos das ex-colónias portuguesas. CONSTELAÇÕES considera que ambos os grupos, retornados e imigrantes das ex-colónias portuguesas, ocupam um espaço partilhado, marcado por uma experiência de perturbação criada pelas relações coloniais. Alinhada com o conceito de MEMÓRIA MULTIDIRECIONAL (ROT2009), esta investigação questiona que novas constelações de lembranças são produzidas através do encontro desigual entre estes dois grupos. Focar-se-á nas histórias destes migrantes pós-coloniais e considerará as suas trajetórias migratórias, as suas memórias e identidades, assim como as suas inter-relações e redes transnacionais, tendo como pano de fundo os seus ambientes socioculturais particulares, os regimes mais amplos de memória que moldam suas experiências, e o cenário atual da crise global. Este Projeto é inovador ao sugerir uma abordagem sistémica, multidimensional e empiricamente fundamentada ao estudo da memória e das migrações pós-coloniais. Através de cruzamentos múltiplos entre grupos diferentes de migrantes pós-coloniais, contribuirá para superar uma lacuna teórica que emerge da tendência à homogeneização da diferença cultural e racial. Ademais, a investigação articula a classe social com a raça, a etnicidade e a cultura como fatores fundamentais não apenas na estruturação das histórias dos migrantes, mas também nas disputas em torno da memória colonial presentes na Europa contemporânea. A METODOLOGIA do projeto combinará: 1) entrevistas em profundidade; 2) etnografias de millieux de memória; 3) uma etnografia digital dos média sociais; 3) uma análise sociocultural de narrativas e debates sobre a memória pós-colonial. A pesquisa de terreno será realizada na margem sul da área suburbana de Lisboa, no bairro do Vale da Amoreira, habitado, após 1975, por ambos retornados e imigrantes das ex-colónias portuguesas. Os RESULTADOS do projeto combinarão formatos académicos convencionais com a produção de materiais de comunicação. Para além de vários capítulos de livros e de artigos em revistas científicas, serão organizadas dois livros coletivos e um volume especial. Será orientada uma tese de doutoramento sobre Etnografia Digital, e serão organizados dois workshops e uma conferência. A estratégia de divulgação do Projeto inclui uma exposição temporária e um documentário. Baseado numa agenda multidimensional, situada na intersecção da Antropologia, da História, dos Estudos de Memória e dos Estudos Pós-coloniais, a INTER E TRANS-DISCIPLINARIDADE está no centro deste Projeto, visando desenvolver novas abordagens transversais das Humanidades e das Ciências Sociais. A parceria entre o CEC e o ICS reforça esta estratégia de investigação. Assim, CONSTELLATIONS reúne uma equipa internacional de nove investigadores, com formação em antropologia, história, estudos da comunicação e estudos culturais. Os membros do quadro consultivo também vêm de disciplinas diferentes: Sharon Macdonald e Benoit de L’Estoile (Antropologia), Rui Pena Pires (Sociologia) and Elizabeth Buettner (História).
LITCOL-PORT: A Literatura Colonial Portuguesa: Além da Memória do Império
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: 2022.06543.PTDC
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Estudos Comparatistas
Investigadora Responsável: Inocência Mata
Instituição de Colaboração: Universidade de São Paulo
Duração: 36 meses (01/03/2023 a 28/02/2026)
Financiamento: 218 637,60€
Resumo: Este projecto propõe um estudo circunstanciado (levantamento, análise e sistematização das suas origens, o desenvolvimento e o lugar nos sistemas literários africanos e portugueses a partir de uma abordagem crítica e teórica de caráter pós-colonial) de obras literárias que constituem a chamada Literatura Colonial Portuguesa do século XX, com destaque àquelas que foram premiadas pelos Concursos de Literatura Colonial (1926-1951) e pelos Concursos de Literatura do Ultramar (1954-1971). A razão desta proposta tem a ver com o facto de, quase 50 anos após o fim do Império, essas obras não serem, grosso modo, reconhecidas como parte integrante dos sistemas literários dos países africanos de língua oficial portuguesa – embora com excepções que constituirão um dos núcleos das problematizações desta investigação – enquanto, por outro lado, ainda constituem um corpus ausente da historiografia literária portuguesa. Paralelamente, considera-se fundamental uma investigação rigorosa desse corpus, bem como da sua disseminação e fortuna crítica, à luz das demandas e das perspectivas teóricas dos chamados Estudos Pós-coloniais. Tal abordagem impõe-se como necessária para que seja possível uma crítica, urgente, da lógica e das dinâmicas culturais do Império, veiculadas por uma parte relevante desse corpus. Tratar-se-ia de uma crítica parcial ou totalmente inédita, considerando o silencio e a ausência de estudos sistemáticos sobre essa produção. Nesse sentido, incluem-se também, no presente estudo, obras publicadas após a independência das colónias portuguesas de África, mas que se entendam construírem-se sob o signo da colonialidade, participando de uma estética de subalternização, em contraponto com a ideologia estética do nacionalismo e da afirmação cultural.
Com efeito, tanto a posição histórica e ambígua dessas obras tanto a sua intrínseca relevância política convidam, quase meio século após as independências formais desses países, uma avaliação mais apurada, que as problematize a partir dos sentidos que foram percebidos pelos membros dos júris dos concursos, pelos editores, pelos críticos e pelos censores, se for o caso, em contraponto ao sentido nacionalista que as levou a serem excluídas dos sistemas nacionais africanas. Espera-se que da investigação possa emergir: 1. Uma cartografia completa e atualizada não apenas do corpus literário, como também de todo o material bibliográfico produzido em torno dessas obras; 2. Um olhar crítico menos ideologicamente esquemática para as histórias literárias, portuguesa e africanas, estas ainda por serem fixadas; 3. Um questionamento de caráter pós-colonial dos valores e das hierarquias propostas e propagandeadas por essas obras. Este último ponto torna-se sobremodo relevante, pois é também através da produção cultural (publicação de textos literários, obras cinematográficas, exposições) que o poder público português construiu e veiculou a propaganda imperial colonialista. Esses investimentos participaram da proliferação de hierarquias entre grupos étnicos, raças, culturas e saberes que, de fato, ultrapassaram as fronteiras cronológica dos impérios coloniais, tornando-se, portanto, um desafio urgente também na contemporaneidade.
PREC.PT - Performance e Teatro no PREC
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: 2023.10644.25ABR
Papel da FLUL: Instituição Proponente
Unidade de Investigação: Centro de Estudos de Teatro
Investigador Responsável: José Pedro Sousa
Instituição de Colaboração: Círculo de Cultura Teatral/Teatro Experimental do Porto
Duração: 18 meses (01/09/2024 a 28/02/2026)
Financiamento: 25 000€
Resumo: O projecto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia “Performance e Teatro no PREC” (DOI https://doi.org/10.54499/2023.10644.25ABR) visa recuperar a memória do teatro, o que se fez e como se fez, o que se pensou, escreveu, legislou e programou durante o Processo Revolucionário em Curso. 50 anos depois do 25 de Abril de 1974, o estado lacunar e disperso da investigação sobre o tema justifica uma reflexão detalhada sobre este período. Importa, assim, mapear os acontecimentos, recolher a documentação dispersa e entrevistar os agentes, de modo a estudar, disponibilizar e promover novas leituras que interessem ao presente. Procurando responder à pergunta “Como terá o teatro contribuído para a construção da democracia durante o PREC?”, assentaremos a investigação em três eixos principais: (i) activismo e intervenção; (ii) estética e ética; (iii) diversidade e inclusão.
O projecto propõe-se:
(i) sistematizar e disponibilizar os dados recolhidos em fontes primárias, directas e indirectas;
(ii) realizar um conjunto de entrevistas aos intervenientes no sistema teatral português daquele período;
(iii) desenvolver uma plataforma digital de arquivo oral e documental sobre o teatro em Portugal durante o PREC;
(iv) promover um curso acreditado sobre Teatro e a construção da Democracia;
(v) publicar um volume com os resultados do projecto.
Equipa: José Pedro Sousa (Investigador Responsável), Rui Pina Coelho (co-IR), Ariadne Nunes, Gustavo Vicente, Maria João Brilhante, Marta Rosa, Paula Magalhães e Vera San Payo de Lemos.
Centro de Estudos de Teatro (FLUL)
WomenLit - Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Atlântico Luso-Afro-Brasileiro
Entidade Financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Referência: PTDC/LLT-LES/0858/2021
Papel da FLUL: Instituição Participante
Unidade de Investigação: Centro de Estudos Anglísticos
Investigador Representante da FLUL: Ana Fernandes
Instituição Proponente: Universidade Nova de Lisboa
Investigador Responsável: Margarida Rendeiro
Outra Instituição Participante: Centro de Estudos Sociais
Duração: 36 meses (01/01/2022 a 31/12/2024)
Financiamento: 247 459,65€ (Global), 6 988,00€ (FLUL)
Resumo: Este projeto tem como objetivo analisar as configurações poético-literárias da resistência na produção literária e artística de autoria de mulheres publicada no espaço luso-afrobrasileiro no século XXI. A resistência, enquanto estímulo da atividade performativa e literária, decorre da perceção de desigualdades generalizadas à escala mundial, sejam elas de género, racial ou económica, entre outras. No que concerne a desigualdade de género, esta é uma questão que, embora tenha conhecido avanços significativos a partir de meados do século XX, ainda se encontra longe de estar ultrapassada. Se considerarmos o espaço luso-afro-brasileiro, as desigualdades de género estão ainda muito presentes. Segundo dados estatísticos publicados pelas Nações Unidas, e a título exemplificativo, o número de mulheres que ocupa lugares nos parlamentos nacionais varia entre 13,73% (S. Tomé e Príncipe) e 39,60% (Moçambique), com todos os valores referentes aos outros países de expressão oficial portuguesa registados neste intervalo. A participação da mulher no trabalho formal nestes países varia entre 28,8% (S. Tomé e Príncipe) e 78,1% (Moçambique). As Agendas Temáticas de Investigação e Inovação asseguradas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, decorrentes do compromisso com o Conhecimento e a Ciência assumido em Conselho de Ministros em 2016, refletem igualmente a dimensão da desigualdade ao determinar a Inclusão Social e Cidadania nas suas diferentes vertentes. Este projeto assume na construção da voz feminina um modo de expressar resistência, dando visibilidade a projetos literários e artísticos que reagem contra as diversas expressões da desigualdade e injustiça. Discutir estes trabalhos como reflexos da desigualdade de género prevalecente e, particularmente, as estratégias criativas usadas para representar formas de resistência é contribuir para a promoção de uma melhor cidadania e inclusão social. O espaço luso-afro-brasileiro foi recentemente explorado em [RenLu19] por parte dos membros da equipa que apresenta este projeto, com o enfoque na produção contemporânea nas artes visuais, cinema, música e literatura, identificando especificidades e relacionando com o contexto histórico-social em que se inserem. Embora esse projeto se tenha centrado no espaço luso-afro-brasileiro, a escrita de mulheres não constituiu preocupação desse estudo. A representação do “comum” e das especificidades da experiência de autoras mulheres no espaço luso-afro-brasileiro ilumina-se ao adotar uma abordagem comparatista e interseccional. Neste sentido, o presente projeto analisa produções artístico-literárias de mulheres portuguesas, brasileiras e africanas de expressão portuguesa, cruzando particularmente os olhares e as vozes brancas, negras, afrodescendentes, de etnia cigana e indígenas que resistem à ordem estrutural no espaço luso-afro-brasileiro e identificando as características específicas e comuns das recentes organizações culturais e políticas das mulheres periféricas que estruturam os seus projetos literários como resistência, nomeadamente em tempos de adversidade, como o exemplifica a produção artístico-literária em contexto de pandemia. Ao centrar a sua investigação nas configurações poético-literárias da resistência na escrita das mulheres neste espaço geográfico, este projeto discute igualmente a influência da pós-memória colonial, procurando compreendê-la como reflexo da memória das desigualdades de género que caracterizam a comunidade luso-afrobrasileira como espaço multicultural. Este projeto, que conta com a participação de investigadores com trabalho publicado sobre temáticas relacionadas com mulheres, periferia e resistência, focará a publicação de material crítico sobre a resistência enquanto representação artístico-literária, procurando: a) analisar em que medida a literatura promove e atende as demandas políticas, sociais, raciais que estimulam esta escrita por mulheres; b) analisar as formas de divulgação e a formação do público leitor para a literatura periférica das mulheres; c) contribuir para uma historiografia literária, particularmente da chamada literatura marginal, no espaço luso-afro-brasileiro, assegurando a visibilidade da escrita das mulheres; d) analisar a produção de significados a partir dos distintos lugares de fala da mulher em obras de autoras portuguesas, brasileiras e africanas de expressão portuguesa, particularmente depois da instauração das independências no caso das últimas; e) Identificar nas obras dessas mulheres as formas como o legado de autoras que as precederam se manifesta e se renovam configurações de resistência.