O Projecto MONFORTE SACRO, realizado no âmbito de uma parceria entre o CLEPUL, o ARTIS/IHA, a Câmara Municipal de Monforte e a Santa Casa da Misericórdia local foi distinguido com o GRANDE PRÉMIO SOS AZULEJO 2023 em cerimónia realizada no Palácio Fronteira no dia 6 de Maio de 2024.
O objectivo deste projecto foi a recuperação e estudo histórico e artístico de um notável acervo azulejar setecentista proveniente da Igreja do antigo Convento do Bom Jesus de Monforte, lamentavelmente destruída em 1945/46. À data da demolição salvaram-se apenas os azulejos, que, durante mais de meio século, ficaram armazenados em 59 caixotes à guarda da Santa Casa da Misericórdia, sua proprietária.
A abertura do primeiro caixote realizou-se em Fevereiro de 2012, ano em que foi firmado um protocolo entre o CLEPUL, o ARTIS/IHA, a Câmara Municipal de Monforte e a Santa Casa da Misericórdia, o que constitui um caso exemplar de cooperação entre a Academia e entidades da sociedade civil. Desta forma, a par do exaustivo e rigoroso trabalho de inventariação, montagem e restauro realizado pela equipa técnica da Câmara Municipal de Monforte, houve lugar a uma constante orientação científica a cargo de uma equipa de investigadores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que permitiu a atribuição da autoria à importante oficina lisboeta de Valentim de Almeida, sua datação (1745/48), a identificação do programa iconográfico e a realização de uma vasta pesquisa histórico-artística sobre o antigo Convento do Bom Jesus de Monforte, um dos mais notáveis cenóbios de clarissas do Alto Alentejo.
O projecto ficou concluído com a instalação deste notável conjunto azulejar na antiga Igreja do Espírito Santo recuperada para o efeito pela Câmara Municipal de Monforte. A inauguração deste novo Museu Monforte Sacro teve lugar a 13 de Outubro de 2023, assim se devolvendo à comunidade para fruição pública um excepcional património que, para além da sua reconhecida qualidade, constitui o mais completo e original programa iconográfico sobre a vida e milagres da Rainha Santa Isabel.
O Prémio agora recebido vem reconhecer publicamente o interesse de um projecto que conjugou a actividade de várias entidades e constituiu, como foi destacado pelo júri, um exemplo de boas práticas na conservação do património cultural.